13/03/12

"Querida, troquei os miúdos!" (Parte 1 de 2)

Publicada por Fábio Mesquita

Quem poderia demonstrar todo o seu potencial noutras paragens? Que jogador não encaixa tão bem no estilo de jogo da sua equipa? Que jogador poderia beneficiar de uma troca positiva para os clubes envolvidos e, ainda assim, potenciar as suas capacidades? É esse exercício que pretendo fazer neste artigo.

Poderia, obviamente, falar em nomes consagrados, como Deron Williams, mas pretendo pegar em alguns jogadores que, não sendo nomes de topo na liga, têm capacidades para se tornarem melhores do que demonstram actualmente.

Este artigo será, assim, dividido em duas partes, uma focada em cinco jogadores da conferência Este e outra, a ser publicada amanhã, abordando outros cinco, desta vez de Oeste.





Evan Turner (Guard-Forward, 23 anos)

O primeiro passo para a afirmação de Evan Turner seria a definição da sua verdadeira posição no campo. Se vários são os exemplos de combo guards com sucesso na NBA, um jogador que, para além de point e shooting guard, faz também de small forward é que já não é tão habitual. Nuns Philadelphia 76'ers em que Andre Iguodala, um small forward, é a estrela, Evan Turner fica quase impossibilitado de jogar regularmente na posição que lhe valeu a 2ª posição no draft de 2010, apenas atrás de John Wall.

Esta época: 24.5 MPG; 8.3 PPG;
5.8 RPG; 2.6 APG e 0.424 FG%.
Doug Collins parece agora apostado em colocar Turner numa posição de point guard, mas a oposição do regular Jrue Holiday e de um dos melhores scorers vindos do banco, Lou Williams, colocam bastante pressão nesta adaptação, num jogador que é conhecido mais por criar as suas próprias jogadas do que por ser capaz de se aproximar das dez assistências por jogo numa base regular.

A posição onde "The Villain" pareceria encaixar melhor nestes Sixers seria, portanto, como shooting guard, concorrendo apenas com Jodie Meeks, que parece ser o elo menos forte da equipa do Wells Fargo Center, se excluirmos os claros problemas que Doug Collins e o seu staff têm tido em manter Spencer Hawes saudável na posição de center. Tendo em conta a sua capacidade ressaltadora e as dinâmicas de Philadelphia que beneficiam as saídas para o contra-ataque, esta capacidade de ressalto num guard, que possa imediatamente pôr a bola no outro lado do campo, seria bastante positiva para a afirmação de Turner e para um upgrade ao jogo dos Sixers.

Assim, parece-me que Turner beneficiaria bastante de uma troca e os próprios 76'ers têm nele uma moeda de troca valiosa para um possível negócio que lhes reforce o frontcourt, bem mais necessitado que propriamente as posições mais "criativas" da equipa. E, na minha opinião, o jogador de que irei falar a seguir, poderia ser interessante numa equipa como os Philadelpia 76'ers, especialmente nesta versão Doug Collins, que parece fazer esquecer aos jogadores os seus interesses pessoais, em detrimento de um foco na equipa.



JaVale McGee (Center, 24 anos)

Filho de um ex-jogador dos Trail Blazers e de uma estrela da WNBA o futuro de JaVale só podia ser como jogador de basquetebol. Escolhido pela equipa da capital na 18ª posição do draft de 2008, com apenas 19 anos de idade, McGee vai já na sua quarta época na NBA, tendo médias interessantes de pontos, ressaltos e desarmes de lançamento, essencialmente na temporada corrente e na temporada transacta, com um aumento de produção de cerca de mais 5 pontos, 4 ressaltos e 1 bloco por jogo, em relação às suas épocas de rookie e sophomore.

Esta época: 27.3 MPG; 11.6 PPG;
8.8 RPG; 2.5 BPG; 0.532 FG%.
Ora, vamos por partes. Esta época, McGee, para além de estar no top 20 dos melhores ressaltadores da liga (18º em ressaltos ofensivos e 26º nos defensivos), é o 7º melhor em lançamentos de campo (com uma média de 53.2% convertidos) e ocupa um espantoso 2º lugar como jogador com melhor média de desarmes de lançamento por jogo, apenas atrás de Serge Ibaka, dos Oklahoma City Thunder e à frente de nomes como Andrew Bynum, Josh Smith, DeAndre Jordan ou Dwight Howard. E, o que mais importa salientar, fez isto nuns Washington Wizards que são um marasmo de ideias, na era pós Gilbert Arenas, em que as esperanças de reconstrução da equipa se centram em John Wall.

Sendo precisamente John Wall o único membro considerado intransferível pela direcção da equipa dos Wizards, que apresentam esta época nova imagem (que não se tem reflectido de forma marcada nas exibições da equipa), McGee pode, a qualquer momento, dar o salto para uma equipa mais competitiva, sabendo-se que, ainda para mais, não são muitos os centers de grande valia na NBA (ainda anteriormente referimos os problemas dos Sixers nesta posição) e mesmo equipas de topo como os Miami Heat, os Boston Celtics ou até os Dallas Mavericks poderiam beneficiar de um jogador como McGee no seu roster.


Após quatro épocas em Washington que, apesar de tudo, lhe deram a oportunidade de somar minutos e evoluir o seu jogo, numa equipa sem grande pressão para a obtenção imediata de resultados, McGee torna-se neste Verão um restricted free agent e, pessoalmente, não estranharei se vir McGee a abandonar as riscas vermelhas e azuis dos Wizs por outros padrões, na próxima temporada.






Gerald Henderon (Shooting Guard, 24 anos)

Sendo muito prático, basicamente qualquer jogador beneficiaria em sair da equipa de Larry Brown. Com 5 vitórias e 34 derrotas, é fácil perceber que muitas peças estão em sub-rendimento e, outras tantas, simplesmente não têm talento suficiente para montar um franchise competitivo. Gerald Henderson é, talvez, o principal exemplo de jogadores que poderiam ser relevantes noutras paragens e que se encontram meio perdidas na equipa da Carolina do Norte.

Esta época: 33.3 MPG; 13.9 PPG;
4.2 RPG; 2.0 APG e 0.443 FG%.
A cumprir a sua terceira temporada na Time Warner Cable Arena, a primeira com o estatuto de titular indiscutível, Henderson tem evoluído os seus números e os seus minutos de utilização de uma forma consistente, mesmo numa equipa sem grandes perspectivas, na conferência Este. Duma primeira época em que cumpriu apenas uma média de 8 minutos por jogo, Gerald Henderson vem subindo as suas estatísticas, quer na época de sophomore (subiu a sua média em cerca de 16 minutos, 7 pontos, 2 ressaltos e 1 assistência por jogo), quer na temporada actual (com mais uma subida de aproximadamente 9 minutos, 4 pontos, 1 ressalto e 0.5 assistências por jogo).

Não sendo um jogador que organize muito jogo, nem que seja muito determinante em fazer a sua equipa jogar (o seu número de assistências atesta bem isto), Gerald Henderson poderia ser importante numa equipa em que houvesse claramente um point guard responsável pela organização do jogo ofensivo da equipa, dando-lhe mais liberdade para trabalhar a sua capacidade concretizadora, que está longe de ser medíocre.





DeMar DeRozan (Shooting Guard, 22 anos)



Esta época: 35 MPG; 16.2 PPG;
3.4 RPG; 1.8 APG; 0.413 FG%
O único representante canadiano na NBA atravessa épocas conturbadas e data já de há cinco temporadas a última vez que a equipa de Toronto terminou a fase regular com um recorde positivo. Esta época não será excepção, apesar de alguns jogadores se destacarem, essencialmente na marcação de pontos, como é o caso de Andrea Bargnani ou deste DeMar DeRozan.

DeRozan, a cumprir a sua terceira época na NBA, após ter sido escolhido pelos Raptors na 9ª posição do draft de 2009, é um shooting guard que tem tudo para se assumir como um jogador que assegure uma média de 20 pontos por jogo (dependendo obviamente da equipa onde esteja, mas num conjunto como os Raptors parece uma marca possível), mas não parece que vá ficar do "lado de lá da fronteira" durante muito tempo, já que poderá, em breve, negociar um contrato mais condizente com o seu estatuto, algo em que outras equipas poderão ter uma palavra a dizer.

Apesar de ainda bastante jovem (terá mais década e meia à sua frente de NBA, se tudo correr dentro da normalidade), DeRozan conta já com alguma experiência, tendo já 200 jogos na liga (atingidos no jogo de Domingo passado) ainda que, fruto das épocas pobres da equipa de Toronto (mesmo quando Chris Bosh ainda estava na equipa), esteja ainda à espera da sua estreia num jogo de play-off. Com efeito, várias são as equipas que gostariam de contar com a sua regularidade, quer em minutos, quer em pontos marcados, e certamente que o jogador se sentiria atraído por outras paragens mais competitivas, nos Estados Unidos da América.







Brandon Knight (Guard, 20 anos)

Brandon Knight é o único rookie incluído nesta lista e, como qualquer estreante na NBA, a sua vontade quanto a uma eventual troca fica bastante limitada, pois o seu contrato, para além de custar bastante pouco à sua equipa, não serve como grande moeda de troca em trocas (desculpem-me a redundância) em eventuais negócios com outros franchises.

Esta época: 32 MPG; 12.6 PPG;
3.4 RPG; 3.5 APG e 0.365 3PT%.

Os Pistons não são a equipa dominadora que já foram, nos tempos em que o "Palace" era um verdadeiro inferno, com lotação esgotada durante épocas a fio. Ainda assim, nomes como Rodney Stuckey, Tayshaun Prince, Jason Maxiell, Ben Gordon ou mesmo o também jovem Greg Monroe poderiam montar um núcleo de jogadores interessante. A verdade é que a equipa da cidade dos automóveis parece mais interessada em pensar no futuro, ainda que sem se perceber muito bem em que direcção, devido a algumas renovações de contratos algo estranhas que têm acontecido.

Brandon Knight, parece ser um atleta de futuro, com basketball IQ e que, noutras paragens, poderia potenciar ainda mais o seu jogo e aumentar as suas assistências, bem como aproveitar melhor a sua capacidade ressaltadora, algo que poucas ou nenhumas equipas desprezam num point guard com potencial para se afirmar na liga.

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