25/07/09

A novela do Verão

Publicada por João Oliveira

Lamar Odom é considerado por muitos um jogador sobrevalorizado, que não vale o que exige, que nunca passará de opção de banco, entre tantas outras.
A verdade, no entanto, é que Lamar foi, provavelmente, o X-Factor para a recente conquista do título da NBA pelos rapazes da cidade dos Anjos. Sim, há Kobe. Sim, há Gasol. Mas Odom deu algo que nenhum outro poderia dar. Saído de um banco composto por jogadores de um nível bastante reduzido, oferecia produção à equipa. Ressaltava, dava início ao ataque e fazia a assistência. Defendia postes, extremos, bases. Concretizava jogadas criadas pelos colegas. Um frontcourt formado por Odom e Gasol foi, em diversas ocasiões na temporada, decisivo para levar a melhor nos matchups com as mais variadas equipas e estilos de jogo.



Agora, tudo pode chegar a um fim. Odom deseja um contrato de longa duração, algo que, aparentemente, não está nos planos dos Lakers. Com isto, o interesse dos Heat parece adensar-se, sendo claramente atractivo o regresso a uma casa onde foi feliz, fornecendo a mesma a possibilidade de voltar a ser titular ao lado de Wade e de participar na reconstrução de uma equipa, baseada na famosa free agency de 2010.

Os Lakers podem ter conseguido reforçar a equipa com Ron Artest (ainda que muitos, entre os quais eu próprio, estejam espectantes em relação à probabilidade de Artest aceitar o seu papel de terceira opção ofensiva e limitar-se a ser o defensive stopper da equipa) em detrimento do jovem Ariza, mas, caso perca a preciosa ajuda de Odom, os actuais campeões estarão perante uma regressão de talento, que poderá colocar em causa as hipóteses de renovação do título.

19/07/09

Futuro Brilhante no Estado do Sol

Publicada por João Oliveira

Em Las Vegas, um rapaz que era um perfeito desconhecido no início da temporada passada, de seu nome Anthony Morrow, quebrou o record de pontos da liga de verão ao marcar 47 pontos em 18 lançamentos concretizados, 7 dos quais de três pontos e ainda 4 lances livres.
Dois dias antes, Anthony Randolph, também pelos Warriors, igualara o record anterior com 42 pontos.

O que nos diz isto? Bastante resumidamente, há matéria prima para Don Nelson trabalhar. Randolph é um scorer puro, um jogador com uma facilidade quase incompreensível para marcar pontos. Um jogador que tem um potencial enorme e poderá ser figura de proa nesta liga, se bem desenvolvido. Morrow chegou a Golden State após não ter sido escolhido no draft de 2008, e pelo que tem feito até agora tal afigura-se de certo modo inexplicável.



A estes dois juntam-se o recém-chegado Sthepen Curry, Brandan Wright, o italiano Marco Bellinelli e Monta Ellis, para citar apenas alguns. Sim, equipas com potencial é o que não falta nesta liga, e equipas que não o demonstram também, mas cada caso é um caso e é isso que estes rapazes terão nas mãos nos próximos anos, mostrar que se tratam de uma excepção dentro deste lote de jovens colectivos da NBA.

12/07/09

Verão Escaldante

Publicada por João Oliveira

Estão aí as Summer Leagues. Orlando está a acabar e Las Vegas a começar.
Neste momento, já se podem avistar algumas figuras de destaque, e uma delas é, com certeza, o extremo-poste dos Magic, Ryan Anderson, que chegou vindo de New Jersey na famosa troca que levou Vince Carter para Orlando.
Ryan teve uma primeira época relativamente sólida, com a possibilidade de se mostrar realmente a chegar talvez demasiado perto do fim da temporada. Na troca já falada, Stan Van Gundy perdeu o rookie Courtney Lee, que havia dado mostras de enorme potencial na época passada (principalmente nos playoffs, onde teve de defender alguns dos maiores nomes da NBA dos nossos dias), para os Nets, e decerto exigiu potencial de volta.

Há cerca de um ano, Ryan dava os seus primeiros passos ao serviço dos Nets

Esse potencial veio no corpo de Anderson, um jogador de elevada estatura (6'10) capaz de lançar de todo o lado do campo, ou seja, o tipo de jogador que faz sempre falta. Apesar de não ser um exímio defensor, algo que vai um pouco contra a natureza dos extremos postes da sua geração (sendo o mais famoso dos casos Kevin Love), Ryan compensa a mesma com uma enorme vontade de aprender, que decerto lhe trará benefícios a esse nível, aliada a uma boa capacidade de ganhar ressaltos, ainda que, onde se encontra, tal não seja muito necessário, tendo em conta a presença monstruosa de Dwight Howard.

Pode ainda estar algo verde, mas Ryan Anderson poderá tornar-se uma interessante peça na rotação de Van Gundy, já que se encontra naquela que é, provavelmente, uma das melhores equipas para dar uso ao seu lançamento de média/longa distância, podendo aprender com "mestres" como Rashard Lewis, outro exímio lançador, e também com Dwight Howard, de modo a desenvolver as competências menos evoluídas no seu jogo de poste.

04/07/09

Mercado

Publicada por João Oliveira

Parece-me boa altura para desenvolver um tema bastante em voga no mundo da NBA neste momento, o mercado de free agents. Tentarei ser o mais sucinto possível, pois caso contrário arriscar-me-ia a escrever páginas sobre o assunto, sem grande dificuldade.

De início, começo por explicar o Salary Cap. Todos os anos, a NBA calcula uma percentagem dos lucros obtidos, que dá origem ao Salary Cap. Desse modo, a NBA evita que os grandes mercados se sobreponham aos mais pequenos e, consequentemente, que exista um grande desiquilíbrio entre as equipas. Apesar de nos últimos anos vir a crescer, a crise económica poderá suster essa continuidade, sendo que as previsões apontam para que o Cap se mantenha nos mesmos valores ou que inclusivamente quebre. As mesmas previsões colocam os valores disponíveis entre os 55 e os 60 Milhões de dólares.

Mas este é um limite flexível, ou seja, pode ser ultrapassado. Se exageradamente ultrapassado, ainda assim, os donos das equipas correm o risco de pagar uma multa. Todos os anos, é definida, com base em critérios semelhantes ao Salary Cap, um Luxury Tax. Quem ultrapassar esse Luxury Tax terá de pagar o valor em que o ultrapassa à liga, sendo esse dinheiro seguidamente distribuido entre as equipas que não ultrapassaram o valor. Assim as equipas são encorajadas a serem contidas no que pagam aos seus jogadores, sob pena de verem os seus concorrentes beneficiados a seu prejuízo.

De seguida, explicarei algumas excepções, situações que muitas vezes nos deixam atónitos com o desenrolar do mercado:
Mid-Level Exception - Esta excepção permite que qualquer equipa assine com jogadores caso esteja acima do Salary Cap ou caso o contrato a assinar o provoque. O seu valor não é fixo, sendo que é igual ao salário médio da NBA no ano corrente. Pode ser utilizada em apenas um jogador ou dividida por vários.
Bi-Annual Exception - Uma excepção semelhante à anterior, mas que apenas pode ser utilizada de dois em dois anos e com um valor mais baixo. O jogador ou jogadores assinados com esta excepção podem ter contratos até 2 anos.
Rookie Exception - De modo a que os rookies seleccionados possam entrar na NBA, criou-se esta excepção que permite que um jogador escolhido na primeira ronda do draft possa assinar com uma equipa mesmo que esta esteja acima do Salary Cap, segundo uma escala que diminui da primeira escolha até à trigésima.
Larry Bird Exception - Recebeu o nome do primeiro caso (na data Larry Bird assinou com os Celtics de novo). Caso um jogador jogue três anos ou mais sem ser dispensado ou mudar de equipa no fim de um contrato (no entanto pode ser trocado para outra equipa sem que o efeito desapareça), pode receber os privilégios desta excepção. Caso um jogador de qualquer equipa tenha direito a esta excepção, a mesma pode oferecer-lhe um contrato sem ser obrigada a cumprir o Salary Cap. A duração máxima destes contratos é de 6 anos.
Early Bird Exception - Com privilégios inferiores à anterior, também o tempo para os receber é menor. Neste caso o jogador tem de jogar sob mesmas condições, mas com menos um ano exigido. Assim, um jogador pode receber um novo contrato, de até 175% do seu anterior ou a média da NBA, sendo o maior destes o valor máximo. O contrato tem de ter no mínimo 2 anos, mas não pode exceder os 5.
Non Bird Exception - Seguindo uma lógica, aqueles que não se qualificam para nenhum dos dois acima (ou seja, os que apenas têm um ano de contrato) pode ter contratos de até 125% do anterior ou 125% do salário mínimo, sendo o maior destes o valor máximo. O contrato pode ter uma duração de 6 anos, no máximo.
Minimum Salary Exception - Contratos com um valor mínimo definido pela NBA podem ser assinados sem um limite pré-concebido. Têm uma duração máxima de 2 anos.
Trade Exception - As trade exceptions acontecem quando se trocam um jogador por outro e o salário de um é mais elevado. Assim a equipa que o troca fica com uma excepção no valor dessa diferença, que pode ser usada para igualar salários em trocas posteriores.
Disabled Player Exception - Das que aqui apresento, é a única da qual não tinha conhecimento, provavelmente por ser pouco usada na NBA. No caso de um jogador se lesionar até ao fim da época corrente, ou até ao fim da época que está para começar (no caso de a lesão acontecer na pré-época), é permitido à equipa prejudicada com essa lesão assinar com um jogador livre, com um contrato de até 50% do que aufere o jogador lesionado ou o salário médio da NBA, sendo o menor destes o valor usado como limite. É obrigatório que um médico designado pela NBA analise o jogador lesionado, para verificar a duração da mesma.

Last but not least, existem dois tipos de jogadores livres. Os Restricted e os Unrestricted. Os segundos estão livres de assinar com qualquer equipa. Os primeiros podem assinar um contrato com qualquer equipa também, mas a equipa onde estavam pode igualar esse contrato oferecido se assim quiser, fazendo com que o jogador regresse à mesma.

Estão, assim, apresentadas as condicionantes do mercado da NBA, ou pelo menos as mais conhecidas (não apresento quaisquer garantias de que não existam mais, visto que provavelmente até existem), espero honestamente que vos seja útil para perceberem um pouco melhor como funcionam todos os "subterfúgios" criados pela liga, para manter o mercado competitivo e equilibrado, ao mesmo tempo.