19/03/09

Fúria Espanhola

Publicada por Anónimo

A distância entre os Estados Unidos e a Espanha é de aproximadamente 9000 quilómetros. Todavia, esta diferença tem sido atenuada pelas brilhantes demonstrações basquetebolistas espanholas ao país que se auto caracteriza como Centro do Basquetebol Mundial.

Actualmente, o basquetebol espanhol e o núcleo de jogadores dessa nacionalidade na NBA, são bastante reconhecidos e elogiados pela crítica cada vez mais positiva em relação aos mesmos. No entanto, a presença de jogadores espanhóis na Liga é um fenómeno recente. Se observarmos atentamente, dá para verificar um padrão: Os sucessos a nível de selecção nacional repercutem-se na NBA.

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Fernando Martín, um dos maiores ícones basquetebolistas espanhóis

Tudo começou com Fernando Martín. Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, a Espanha guiada por jogadores como o próprio Fernando Martín, Juan Antonio San Epifanio, Juan Antonio Corbalán, Fernando Romay e Solozábal deu o primeiro ar da sua graça, ao chegar à final (depois de um torneio impressionante), perdendo com a equipa anfitriã que tinha como principal expoente o, unanimemente considerado melhor jogador de sempre, Michael Jordan. Tal feito não passou despercebido à NBA e, em 1985, Fernando Martín Espina - um dos melhores jogadores da História do baloncesto espanhol - fez o papel de Cristovão Colombo, ao ser o primeiro praticante espanhol a pisar terrenos da NBA. Jogou pouco, não teve muito sucesso na sua única temporada nos Portland Trailblazers, todavia a sua efémera passagem é marcante por toda a simbologia que acarreta.

Mas, foi preciso esperar até 2001 para se voltar a assistir ao ingresso de espanhóis na melhor liga de basquetebol do mundo, franqueando as suas portas à chamada Geração de Ouro. [Os Espanhóis chamam à equipa que em 1999 venceu o Campeonato da Europa Sub-18 da FIBA, a Geração de Ouro] (Antes, em 1987 e 1997, dois jogadores espanhóis foram escolhidos no draft, contudo, nunca chegaram a jogar um encontro na fase regular)

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Pau Gasol marcou uma viragem no basquetebol do seu país e, ainda hoje, continua a ser um dos principais embaixadores desportivos do país

No dealbar do novo milénio, Pau Gasol e Francisco López foram escolhidos no draft, marcando o início de uma nova era no basquetebol espanhol e na própria competição. Se López só se estreou em 2003 e com sucesso relativo, Gasol aterrou nas terras de Tio Sam e obteve sucesso imediato, tendo até sido considerado Rookie do Ano.

Mais recentemente, e aproveitando a crescente fama espanhola obtida no basquetebol, principalmente, à custa da vitória nos Campeonatos Mundias de 2006 e da prestação nos Jogos Olímpicos, têm sido em bom número os aspirantes espanhóis ao êxito na Liga, vindos da ACB (vista pelos amantes da modalidade como a 2ª melhor liga do Mundo). O rol de jogadores movidos pelo American Dream é extenso e composto por jogadores como Juan Carlos Navarro, Jorge Garbajosa, José Calderón, Sergio Rodríguez e, mais recentemente, Marc Gasol e Rudy Fernandez.

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4 dos 5 representantes espanhóis na NBA estiveram presentes nos Jogos de Pequim

Todos os jogadores acima mencionados ainda actuam na NBA, excepção feita a Navarro e Garbajosa, que deixaram a Liga no Verão de 2008. Navarro, conhecido pela sua facilidade em marcar atrás da linha de 3 pontos, regressou à sua casa-mãe, o FC Barcelona, após uma temporada bastante razoável nos Memphis Grizzlies, ao passo que Garbajosa abandonou os Toronto Raptors depois de uma (das duas, no total) época azarada e conflituosa assinando um contrato milionário com os russos do Khimki.

Na sua maioria, o clã espanhol tem assumido plano de destaque: Gasol faz em Los Angeles uma dupla de sonho com Kobe Bryant e vem a protagonizar uma época de luxo; Calderón quase bateu o recorde de Lances Livres marcados consecutivamente, esta temporada, e continua a ser uma peça importante no xadrez dos Raptors; Marc Gasol, com a ajuda do irmão, paulatinamente, vem melhorando as suas exibições em Memphis, sendo visto cada vez mais como uma muito acertada escolha dos Grizzlies no draft; A completar este lote, vêm os trailblazers, Rudy Fernandéz que vem realizando uma época de estreia positiva, sendo o seu ponto alto, a (polémica) participação no concurso de afundanços, na All-Star Weekend e o menos bem sucedido, Sergio Rodríguez, que na 3ª temporada na Liga sido bastante discreto, apesar de já ter mostrado várias vezes que é capaz de mais e melhor.

Aliás, as declarações de Chris Bosh a propósito deste novo núcleo são bem elucidativas: Ninguém diz nada acerca da Espanha e dos talentos que possui, mas eles têm-no e muito! - acrescentando ainda - A sua Equipa Olímpica contava com os melhores jogadores do país e, se olhar para eles, estão todos na Liga mas ninguém fala realmente neles.

De facto, é bem visível que a temporada de 2008 / 2009, está a ser bem frutífera para o basquetebol da Espanha. Esta vaga de sucesso ocorre depois de uma bem-sucedida campanha nos Jogos Olímpicos de Pequim, nos quais, a armada espanhola só foi parada por uns EUA de outro mundo. No entanto, ficou bem patente o valor do conjunto orientado Garcia Reneses, que teve uma prestação que deixou orgulhosos todos os seus adeptos, praticando um bom basquetebol e mostrando ter a competência e o talento necessários para no futuro atingir (ainda) maiores conquistas.

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Os olhos da NBA e as esperanças futuras dos Espanhóis estão postas em Ricky Rubio

O futuro espanhol na selecção e na Liga está assegurado: O base de 18 anos, Ricky Rubio, que encanta os scouts da NBA, é dado como 1ª escolha do próximo draft caso pretenda entrar em 2009 na NBA. Rubio terá seguramente uma carreira risonha e afirmar-se-á como um dos melhores dentro de algumas épocas.

Em jeito de conclusão, é notório que o basquetebol dá sequência à linha condutora, conquistadora (!) da Espanha, nas várias modalidades desportivas e dá garantias presentes e futuras à aficción. Perfilam-se anos risonhos para o baloncesto! Abram alas para a Fúria Espanhola!

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